Mau hálito

Mau hálito

A halitose (mau hálito) é um termo que descreve, um hálito desagradável com origem em alterações variadas da
cavidade oral ou outras localizações.

A frequência real da halitose é desconhecida mas trata-se de uma situação que provavelmente afecta todos os indivíduos, pelo menos ocasionalmente e de forma transitória, apresentando repercussões sociais, afectivas e psicológicas.

Na maioria dos casos, a halitose tem a sua origem na cavidade oral. No entanto, pode também representar o primeiro sinal de uma doença sistémica.

As causas são diversas. Podemos dividi-las em três grupos principais:

  1. Causas orais
  2. Causas exógenas ou externas
  3. Causas relacionadas com outras áreas.

As causas orais podem estar relacionadas com vários aspectos, tais como por exemplo:

  1. Má higiene oral
  2. Presença de cáries
  3. Doenças das gengivas (gengivite e periodontite)
  4. Ulcerações orais
  5. Infecções orais (bacterianas, virais ou fúngicas)
  6. Próteses dentárias associadas a má higiene oral
  7. Hiposialia (diminuição do fluxo salivar)
  8. Cancro oral

No entanto, existe actualmente a evidência científica que associa a acção de alguns tipos de bactérias presentes na cavidade oral (sobretudo Gram- anaeróbias) sobre substratos proteicos contendo enxofre. Ou seja, a degradação desses compostos proteicos provoca a libertação de compostos sulfurosos voláteis que vão dar a noção de hálito desagradável.

As bactérias encontram-se em toda a cavidade oral, no entanto a língua parece formar um ecossistema ideal pela sua grande área de superfície e a sua estrutura papilar. Juntamente com a placa bacteriana e os depósitos linguais compostos pela acumulação de células epiteliais descamativas, de resíduos alimentares e de secreções como a saliva e o corrimento nasal posterior, temos assim um substrato proteico ideal para ser metabolizado pelas bactérias, conduzindo à formação dos compostos sulfurosos voláteis.

As principais causas exógenas estão ligadas à ingestão de certos alimentos no nosso dia a dia (ex: alho, cebola), que têm um efeito não só directo mas também retardado (via sistémica) sobre o hálito. O tabaco, o consumo de álcool e de medicação que desencadeie diminuição do fluxo salivar agrava o mau hálito. De facto, qualquer factor que conduza a uma diminuição do fluxo salivar agrava o mau hálito.

De manhã, ao acordar, é natural que sintamos por vezes um hálito mais intenso que até nos pode levar a sentir a necessidade de lavar os dentes. Este hálito matinal é fruto não só da diminuição da quantidade de saliva produzida durante a noite, mas também da abstinência durante várias horas na ingestão de líquidos e alimentos.

A otorrinolaringologia pode ser considerada a segunda área de maior importância associada à halitose (ex: sinusite, presença de corpos estranhos no nariz em crianças). As causas de origem nos pulmões, estômago, fígado e rins são consideradas raras. Ao longo dos anos houve sempre uma ideia de associação entre patologia gástrica e halitose, a qual é considerada muito rara, mas que poderia surgir em casos de refluxo gastro-esofágico, hérnia do hiato, cancro do estômago, estenose do piloro, síndroma de má absorção, ou de infecções intestinais. A diabetes, as deficiências vitamínicas, a desidratação, assim como outras situações de carácter sistémico podem desencadear halitose. Podem surgir também variações do hálito durante o ciclo menstrual.

A nossa auto percepção do hálito é muitas vezes errada. Pode estar subestimada por habituação, ou nalguns casos exagerada. Vários são os factores que podem conduzir a uma auto-avaliação exagerada. A título de exemplo, podemos referir:

  1. A publicidade acerca do mau hálito pode preocupar pessoas sugestionáveis;
  2. A noção de mau sabor na boca pode levar à convicção de mau hálito;
  3. Crianças com pais com mau hálito podem crescer inferindo que também sofrem do mesmo problema;
  4. Indivíduos que no passado foram chamados uma vez à atenção de forma esporádica relativamente ao seu mau hálito podem continuar preocupados com essa situação.

Para um diagnóstico adequado, o médico dentista fará um questionário orientado para a sua história clínica, ao qual se seguirá um exame objectivo intra e extra oral. Vai poder usar alguns dos métodos descritos e recorrer se necessário, a alguns exames complementares de diagnóstico, tais como testes salivares, microbiológicos e aparelhos específicos de medição.

O mau hálito, de uma forma geral, pode ser prevenido e tratado através de uma boa higiene oral. Esta higiene oral inclui a escovagem, a limpeza interdentária e o uso de raspadores linguais para a limpeza da língua. Aconselha-se a ingestão diária de água suficiente para manter uma correcta hidratação. Com a orientação do seu médico dentista pode ainda utilizar elixires contendo agentes específicos que ajudam na prevenção e tratamento da halitose, tais como os que contêm clorhexidina, cloreto de cetilpiridínio e sais de zinco.

Os métodos mais frequentemente referidos são:

  1. Avaliação global do hálito: Para a utilização deste método, o doente é ensinado a colocar as mãos fechadas em copa à frente do nariz e da boca, e a cheirar o ar expirado pela boca, após inspiração pelo nariz. Este teste avalia o hálito organolepticamente de forma global.
  2. Teste de lamber o pulso: Neste teste, o doente é orientado a deitar a língua de fora e a lamber o pulso de forma perpendicular; após 5 segundos e a 3 cm de distância é feita a avaliação. Este método também pode ser utilizado para a classificação do hálito do doente por outras pessoas.
  3. Teste da colher: Para esta forma de avaliação, o doente utiliza uma colher plástica com a qual raspa o dorso da língua, eliminando a placa lingual e quaisquer resíduos acumulados.
  4. Avaliação olfactiva por uma pessoa amiga ou pelo cônjuge: Apesar de muitas pessoas não se sentirem à vontade para a utilização deste método, é considerado o melhor. Essa pessoa poderá eventualmente ainda avaliar os factores que desencadeiam o agravamento do hálito, devendo estar idealmente envolvida no processo de diagnóstico e de monitorização do tratamento.